Os
primeiros homens a se fixar no Vale do Nilo, ainda na fase
Neolítica, organizaram-se em comunidades agrícolas
rudimentares e autônomas, chamadas nomos.
A
partir do desenvolvimento da agricultura, a população
começou a crescer e concentrar-se às margens
do Nilo. Uma vez fixo, o povo passou a desenvolver técnicas
de irrigação.
Visando
aproveitar melhor as águas do Nilo, os Nomos se uniram
para construir diques e canais de irrigação.
Essa reunião dos nomos deu origem a dois reinos: O
Alto Egito, ao sul e o Baixo Egito no delta.
Assim
em 3100 A.C. o chefe do Alto Egito, Menés, unificou
os reinos política e territorialmente, tornando-se
o primeiro faraó. Em seu governo construiu um estado
forte que incluía 42 aldeias agrícolas, chefiadas
pelos monarcas (nomos), representantes locais do faraó.
Como
mandatário supremo dos egípcios, o faraó
concentrava todos os poderes em suas mãos. A população
o servia e pagava-lhe tributos. Era tido como um Deus vivo,
sendo cultuado como tal. Portanto, o sistema vigente no Egito
era uma monarquia teocrática, em que o rei possuia
poderes políticos e religiosos. Essa intensa religiosidade
favorecia a preservação do poder do faraó
e da ordem social.
A
quarta dinastia concretizou a passagem para o Antigo Império
do Egito, caracterizado pela construção das
famosas pirâmides e da Grande Esfinge no Planalto de
Gizé. Foi um período de estabilidade social
e grande mudança na política egípcia:
o poder centralizado no faraó, considerado um deus
vivo na terra, se fortaleceu.
O
primeiro soberano desta família foi o rei Sneferu,
construtor de duas pirâmides nas regiões de Dahshur
e Meidum. Um grande governante, durante o seu reinado o Egito
prosperou. Suas campanhas na Núbia resultaram na expansão
do território egípcio ao sul. A capital, centro
econômico, político e religioso da nação,
foi transferido para Mênfis, atual Cairo.
Destacam-se
ainda neste período os faraós Quéops
(Khufu), Quéfrem (Khafre) e Miquerinos (Menkaure),
respectivamente filho, neto e bisneto de Snefru. Estes foram
os empreendedores das três grandes pirâmides de
Gizé (Quéfren construiu a esfinge), as únicas
das sete maravilhas do mundo antigo ainda existentes.
No
entanto, por volta de 2.100 A.C., o poder dos nobres sobrepôs
o do faraó, o que causou lutas e revoltas sociais,
além de crises. Isto marcou o fim do Antigo Império.
Por
volta de 2.000 A. C. iniciou-se uma luta vitoriosa contra
os monarcas, que restabeleceu o poder do faraó e a
unidade do império. A capital do Egito foi transferida
para Tebas.
Mas
a estabilidade não duraria muito tempo, pois uma série
de invasões estrangeiras (principalmente do povo hicso,
de origem asiática) derrubaria o trono egípcio.
Os Hicsos possuíam superioridade bélica sobre
os egípcios, usavam carros de guerra, cavalos e armas
de ferro (até essa fase o nilo ainda nem conhecia a
roda).
A
brutalidade hicsa levou os egípcios a lutar por sua
independência, liderados pelo faraó Amósis
I e, em 1580 A.C., os estrangeiros finalmente foram expulsos.
Inicia-se, então, uma nova página na história
do Egito: o Novo Império.
O
Novo império representa o apogeu da civilização
egípcia na política, economia, religião,
arquitetura, artes, etc. Com a 18ª Dinastia, o Egito
floresce sob a regência de excelentes governantes e
guerreiros. Entre as realizações arquitetônicas
destacam-se, principalmente, os templos de Luxor e Karnak,
situados na margem oriental do Nilo. Quanto aos regentes,
temos os grandes Tuthmosis III (o maior faraó conquistador,
que subjogou os povos sírios e fenícios entre
outros; em seu governo o império egípcio extendia-se
até o rio Eufrates, atual iraque), Hatshepsut (uma
mulher forte e corajosa que assumiu o trono como rainha e,
mais tarde, como faraó, passando até mesmo a
usar e ser retratada com trajes masculinos), Amenófis
IV (um faraó revolucionário que alterou o próprio
nome para Akhenaton e tentou implantar o monoteísmo
no Egito, através do culto ao disco solar Aton), Ramsés
II (o maior faraó egípcio, grande guerreiro,
construtor e pai de mais de cem filhos; seu reinado durou
quase setenta gloriosos anos), entre outros.
O
Egito presencia, no Período Tardio, seu último
momento de esplendor como nação independente.
No final do Novo Império o país passa a ser
invadido, desta vez pelos assírios. Consegue uma curta
independência, mas chegam os persas, macedônicos,
gregos, romanos e, finalmente, árabes. O país
só voltou a ser livre no século 20, em 1952.
Destaque para o faraó Psamético I, que libertou
os egípcios da Assíria. Também teve importância
Necao, que financiou uma expedição do navegador
fenício Hamon, o qual realizou uma viagem singular
para a época: partiu do mar Vermelho e, em três
anos, contornou a costa africana, retornando ao Egito pelo
mar mediterrâneo.
Em
332 A.C. Alexandre o Grande tomou posse do Egito sem luta.
Durante sua breve estada iniciou a construção
de Alexandria, que nos próximos cem anos se tornaria
a maior e mais opulenta cidade do mundo. Com um grande centro
de aprendizagem da cultura clássica, além do
mais rico e movimentado porto, com um farol que faz parte
das Sete Maravilhas do Mundo Antigo e uma biblioteca que reunia
a maior coleção de manuscritos do mundo.
Após
a morte de Alexandre, um de seus generais, Ptolomeu, recebe
o Egito como uma "recompensa" por seus serviços.
Ptolomeu nomeou-se faraó e declarou a independência
egípcia. Isto consolidou o desmantelamento do império
de Alexandre (o maior do mundo), mas trouxe um novo período
de florescimento para o país do Nilo.
Durante
os 250 anos seguintes, o Egito foi governado como país
independente, com seus próprios interesses, mesmos
que esses não fossem os da população
local.
Os
primeiros Ptolomeus foram bons regentes, anexando novos territórios
ao Egito (coisa que não era feita há séculos).
Ptolomeu II era chamado de Filadelfos (amante da irmã),
pois casou-se com sua irmã Arsinoe. Ptolomeu III conquistou
a Babilônia e a Pérsia, trazendo grandes tesouros
ao Nilo. Mas com o passar do tempo, esses gregos tornaram-se
inescrupulosos a ponto de perder a maioria das posseções
egípcias. Passou a predominar na família real
uma brutalidade singular, em que os assassinatos eram constantes.
Ptolomeu
V conseguiu perder todos os territórios estrangeiros;
para ele era tão importante seu monumento na ilha de
Philae que mandou esculpir seu nome em grego para que seus
amigos o pudessem ler. Ptolomeu VIII só pensava em
festas, decorou seu quiosque em Philae com cenas de banquetes
e dos deuses tocando instrumentos. Ele matou seu próprio
filho, cortou em pedaços e o enviou para a mãe,
como presente de aniversário. Ptolomeu XII era chamado
de Auletes (o tocador de flauta), pois só gostava de
tocar flauta e evitava os deveres como rei do Egito. Este
último foi o pai de Cleópatra VII, a mais famosa
mulher da história e uma excelente governante. Ela
foi a única ptolomaica que se identificou com os egípcios
e tinha a ambição de restaurar o poder faraônico
e a influencia de seu país sobre o resto do Mediterrâneo.
Com
a morte de Cleópatra VII, o Egito faraônico morreu.
Em 30 A.C. o imperador romano Augusto transformou o país
em mera província romana. Embora tenha permitido que
a cultura local fosse mantida, o povo já não
adorava seus governantes como a deuses. O único elo
entre a cultura egípcia original e o Egito romano era
a religião, mais precisamente o culto à deusa
Ísis.
Em
395 D.C. esse único elo restante foi finalmente apagado.
O imperador Constantino impôs o cristianismo como religião
oficial do Estado. Assim o Egito foi considerado uma província
pagã. Seus sacerdotes (os remanescentes conhecedores
da língua hieroglífica) foram mortos ou silenciados
e a língua egípcia com eles. Templos foram destruídos,
imagens de deusas apagadas e esquecidas. O conhecimento profundo
sobre o Egito antigo só seria novamente revelado em
1822, com a tradução das linguagens hieroglíficas
e demótica por Jean-François Campollion, através
da Pedra Roseta.