HISTÓRIA

Texto de Paulo Iannuzzi


Os primeiros homens a se fixar no Vale do Nilo, ainda na fase Neolítica, organizaram-se em comunidades agrícolas rudimentares e autônomas, chamadas nomos.

A partir do desenvolvimento da agricultura, a população começou a crescer e concentrar-se às margens do Nilo. Uma vez fixo, o povo passou a desenvolver técnicas de irrigação.

Visando aproveitar melhor as águas do Nilo, os Nomos se uniram para construir diques e canais de irrigação. Essa reunião dos nomos deu origem a dois reinos: O Alto Egito, ao sul e o Baixo Egito no delta.

Assim em 3100 A.C. o chefe do Alto Egito, Menés, unificou os reinos política e territorialmente, tornando-se o primeiro faraó. Em seu governo construiu um estado forte que incluía 42 aldeias agrícolas, chefiadas pelos monarcas (nomos), representantes locais do faraó.

Como mandatário supremo dos egípcios, o faraó concentrava todos os poderes em suas mãos. A população o servia e pagava-lhe tributos. Era tido como um Deus vivo, sendo cultuado como tal. Portanto, o sistema vigente no Egito era uma monarquia teocrática, em que o rei possuia poderes políticos e religiosos. Essa intensa religiosidade favorecia a preservação do poder do faraó e da ordem social.

A quarta dinastia concretizou a passagem para o Antigo Império do Egito, caracterizado pela construção das famosas pirâmides e da Grande Esfinge no Planalto de Gizé. Foi um período de estabilidade social e grande mudança na política egípcia: o poder centralizado no faraó, considerado um deus vivo na terra, se fortaleceu.

O primeiro soberano desta família foi o rei Sneferu, construtor de duas pirâmides nas regiões de Dahshur e Meidum. Um grande governante, durante o seu reinado o Egito prosperou. Suas campanhas na Núbia resultaram na expansão do território egípcio ao sul. A capital, centro econômico, político e religioso da nação, foi transferido para Mênfis, atual Cairo.

Destacam-se ainda neste período os faraós Quéops (Khufu), Quéfrem (Khafre) e Miquerinos (Menkaure), respectivamente filho, neto e bisneto de Snefru. Estes foram os empreendedores das três grandes pirâmides de Gizé (Quéfren construiu a esfinge), as únicas das sete maravilhas do mundo antigo ainda existentes.

No entanto, por volta de 2.100 A.C., o poder dos nobres sobrepôs o do faraó, o que causou lutas e revoltas sociais, além de crises. Isto marcou o fim do Antigo Império.

Por volta de 2.000 A. C. iniciou-se uma luta vitoriosa contra os monarcas, que restabeleceu o poder do faraó e a unidade do império. A capital do Egito foi transferida para Tebas.

Mas a estabilidade não duraria muito tempo, pois uma série de invasões estrangeiras (principalmente do povo hicso, de origem asiática) derrubaria o trono egípcio. Os Hicsos possuíam superioridade bélica sobre os egípcios, usavam carros de guerra, cavalos e armas de ferro (até essa fase o nilo ainda nem conhecia a roda).

A brutalidade hicsa levou os egípcios a lutar por sua independência, liderados pelo faraó Amósis I e, em 1580 A.C., os estrangeiros finalmente foram expulsos. Inicia-se, então, uma nova página na história do Egito: o Novo Império.

O Novo império representa o apogeu da civilização egípcia na política, economia, religião, arquitetura, artes, etc. Com a 18ª Dinastia, o Egito floresce sob a regência de excelentes governantes e guerreiros. Entre as realizações arquitetônicas destacam-se, principalmente, os templos de Luxor e Karnak, situados na margem oriental do Nilo. Quanto aos regentes, temos os grandes Tuthmosis III (o maior faraó conquistador, que subjogou os povos sírios e fenícios entre outros; em seu governo o império egípcio extendia-se até o rio Eufrates, atual iraque), Hatshepsut (uma mulher forte e corajosa que assumiu o trono como rainha e, mais tarde, como faraó, passando até mesmo a usar e ser retratada com trajes masculinos), Amenófis IV (um faraó revolucionário que alterou o próprio nome para Akhenaton e tentou implantar o monoteísmo no Egito, através do culto ao disco solar Aton), Ramsés II (o maior faraó egípcio, grande guerreiro, construtor e pai de mais de cem filhos; seu reinado durou quase setenta gloriosos anos), entre outros.

O Egito presencia, no Período Tardio, seu último momento de esplendor como nação independente. No final do Novo Império o país passa a ser invadido, desta vez pelos assírios. Consegue uma curta independência, mas chegam os persas, macedônicos, gregos, romanos e, finalmente, árabes. O país só voltou a ser livre no século 20, em 1952. Destaque para o faraó Psamético I, que libertou os egípcios da Assíria. Também teve importância Necao, que financiou uma expedição do navegador fenício Hamon, o qual realizou uma viagem singular para a época: partiu do mar Vermelho e, em três anos, contornou a costa africana, retornando ao Egito pelo mar mediterrâneo.

Em 332 A.C. Alexandre o Grande tomou posse do Egito sem luta. Durante sua breve estada iniciou a construção de Alexandria, que nos próximos cem anos se tornaria a maior e mais opulenta cidade do mundo. Com um grande centro de aprendizagem da cultura clássica, além do mais rico e movimentado porto, com um farol que faz parte das Sete Maravilhas do Mundo Antigo e uma biblioteca que reunia a maior coleção de manuscritos do mundo.

Após a morte de Alexandre, um de seus generais, Ptolomeu, recebe o Egito como uma "recompensa" por seus serviços. Ptolomeu nomeou-se faraó e declarou a independência egípcia. Isto consolidou o desmantelamento do império de Alexandre (o maior do mundo), mas trouxe um novo período de florescimento para o país do Nilo.

Durante os 250 anos seguintes, o Egito foi governado como país independente, com seus próprios interesses, mesmos que esses não fossem os da população local.

Os primeiros Ptolomeus foram bons regentes, anexando novos territórios ao Egito (coisa que não era feita há séculos). Ptolomeu II era chamado de Filadelfos (amante da irmã), pois casou-se com sua irmã Arsinoe. Ptolomeu III conquistou a Babilônia e a Pérsia, trazendo grandes tesouros ao Nilo. Mas com o passar do tempo, esses gregos tornaram-se inescrupulosos a ponto de perder a maioria das posseções egípcias. Passou a predominar na família real uma brutalidade singular, em que os assassinatos eram constantes.

Ptolomeu V conseguiu perder todos os territórios estrangeiros; para ele era tão importante seu monumento na ilha de Philae que mandou esculpir seu nome em grego para que seus amigos o pudessem ler. Ptolomeu VIII só pensava em festas, decorou seu quiosque em Philae com cenas de banquetes e dos deuses tocando instrumentos. Ele matou seu próprio filho, cortou em pedaços e o enviou para a mãe, como presente de aniversário. Ptolomeu XII era chamado de Auletes (o tocador de flauta), pois só gostava de tocar flauta e evitava os deveres como rei do Egito. Este último foi o pai de Cleópatra VII, a mais famosa mulher da história e uma excelente governante. Ela foi a única ptolomaica que se identificou com os egípcios e tinha a ambição de restaurar o poder faraônico e a influencia de seu país sobre o resto do Mediterrâneo.

Com a morte de Cleópatra VII, o Egito faraônico morreu. Em 30 A.C. o imperador romano Augusto transformou o país em mera província romana. Embora tenha permitido que a cultura local fosse mantida, o povo já não adorava seus governantes como a deuses. O único elo entre a cultura egípcia original e o Egito romano era a religião, mais precisamente o culto à deusa Ísis.

Em 395 D.C. esse único elo restante foi finalmente apagado. O imperador Constantino impôs o cristianismo como religião oficial do Estado. Assim o Egito foi considerado uma província pagã. Seus sacerdotes (os remanescentes conhecedores da língua hieroglífica) foram mortos ou silenciados e a língua egípcia com eles. Templos foram destruídos, imagens de deusas apagadas e esquecidas. O conhecimento profundo sobre o Egito antigo só seria novamente revelado em 1822, com a tradução das linguagens hieroglíficas e demótica por Jean-François Campollion, através da Pedra Roseta.


Webdesigner: Lupércio Mundim
Poetic Soul Counters